Pelo quarto ano consecutivo acontece o Troca Troca de Brinquedos promovido pelos pais da turma do 2º ano A. Na verdade, a turma do Grupo 4 de 2011, que seguiu realizando o evento anualmente. Os pais acreditam que, além de se divertirem com seus filhos, realizam uma atividade que os educa por meio de uma brincadeira. "Há quatro anos nos reunimos para promover esse encontro para troca e doação de brinquedos e vemos resultados importantes em nossos filhos; uma maior disponibilidade em desfazer-se dos seus brinquedos, curtir o brinquedo que trocou com o amigo, além de saber da importância em doar os seus”, diz Patrícia Mascarenhas Fernandes, mãe de uma das crianças do grupo e uma das principais mobilizadoras do evento.
Na ocasião, pais e filhos se reúnem para um piquenique e muitas brincadeiras livres, que culminam na tão esperada troca de brinquedos. A regra é clara: não há limites de quantidade de brinquedos trazidos para a troca, mas cada criança escolhe três. Os brinquedos ficam expostos em cangas, dispostas em círculo. Os que sobram são doados. Este ano eles foram para uma creche no Calabar, sugestão de Adilson das Malvinas, mestre de capoeira, amigo de Patrícia Mascarenhas Fernandes.
A quarta edição do Troca Troca de brinquedos, que é sempre realizado na casa de um dos alunos, aconteceu no dia 20 do último mês (setembro), no condomínio Aldeia de Jaguaribe, onde moram duas crianças participantes.
O grupo se fortalece e cresce com o tempo. Alguns alunos que já não frequentam a Lua Nova continuam a aparecer para a troca, a chegada dos irmãos e a aproximação de alguns amigos das crianças renovam a iniciativa a cada ano. “O meu mais novo, que ingressou no grupo com 1 ano e meio, está no seu segundo evento. E este ano ele era o mais ansioso para participar da troca”, diz Ana Paula Baraúna.
Desprendimento
“No começo Luca tinha um pouco de resistência, até mesmo porque não entendia muito o objetivo. Acho que pensava que iria ‘perder’ os brinquedos. Mas com o tempo entendeu que essa troca é positiva para todo mundo”, conta Andrea Dias Vianna.
A mãe de Luca relata que hoje ele já escolhe os brinquedos que não utiliza muito para o dia do troca-troca. “Nas primeiras edições ele escolhia os brinquedos por estarem quebrados e velhos. Porém, com o tempo, foi entendendo que deveria trocar aqueles com os quais não brincava mais. E começou a reconhecer os brinquedos que já não utilizava".
"Acho muito válida essa visão de desprendimento do material e incentivo ao coletivo. Nem sempre o 'novo' é o que vale mais. Eles adoram escolher o que era do outro e cuidam do que escolhem com muito carinho. Lá em casa, a caixa para troca fica enchendo ao longo do ano", ressalta Ana Paula Barauna. "Atividades como essas são boas oportunidades para conseguirmos construir melhores valores para nossas crianças", acrescenta.
O cuidado com aquilo que já pertenceu a outra criança é mais um aprendizado possível para os participantes da brincadeira. “Luca adora ter em casa alguns brinquedos que foram de seus amigos. É como se uma partezinha deles estivesse conosco”, conta Andrea Vianna, cuja família participa do evento desde a primeira edição. No entanto, este ano, eles mudaram de cidade, mas fizeram questão de garantir presença na troca de brinquedos do grupo.
Andréa relata a alegria das crianças ao verem seus brinquedos circulando entre os amigos. “É ainda mais legal quando um mesmo brinquedo vai para o troca-troca mais de uma vez e circula nas casas da gente!!!! Um exemplo foi o jacaré que veio da casa de Ernesto, foi para a de Artur e agora está com Leco”.
Construção de valores
Para Andrea Vianna as consequências do Troca Troca na educação das crianças são muitas e variadas. "Acho que o fato de meu filho pensar que os seus brinquedos podem ser utilizados por outras crianças lhe proporcionou uma visão mais ampla das coisas, do mundo, das relações. Como, por exemplo, saber que existem outras crianças além daquelas com quem ele se relaciona diretamente. Saber que existem outras crianças que possuem menos oportunidades que elas", explica.
Ela acrescenta ainda que passou a ser natural para seu filho pensar em passar seus brinquedos para outras crianças e isso também se ampliou para as roupas. "Ele agora já pensa em doar as suas coisas quando não as utiliza mais. Acho que sem esses encontros, talvez esse pensamento não fosse tão natural", disse.
“Bacana perceber nas crianças os efeitos dessa prática. Para nós adultos também é um momento de encontro e muita alegria!”, finaliza Patrícia Mascarenhas. O grupo, coeso, organiza, ainda, um outro evento anual, já previsto para antes das férias de fim de ano – o amigo secreto de livros.
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